sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

RESUMO UNIDADE I - METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO (2014.2)

UNIDADE I – O CONHECIMENTO COMO COMPREENSÃO E
TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE

OBJETIVO:
  • Fazer você, nosso leitor em processo de especialização na vida universitária, refletir sobre a busca do conhecimento, a apreensão e a compreensão da realidade dentro do contexto da pesquisa científica relacionada com a inclusão educacional de alunos com deficiências; e fazer também com que você reconheça a importância dos aspectos históricos, ideológicos e sociais na aplicabilidade das pesquisas científicas.
Introdução

Prezado(a) aluno(a), neste momento iniciamos uma jornada. Na presente unidade buscaremos apresentar uma visão panorâmica da trajetória da humanidade em busca do conhecimento Você, exatamente neste momento, encontra-se na busca de um conhecimento.

O estudo da metodologia de pesquisa científica proporcionará ferramentas teóricas e equipamentos fundamentais que o acompanharão durante toda a jornada. Destacaremos a metodologia de pesquisa científica voltada para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais, dentro da perspectiva da educação inclusiva.

Iniciaremos com o tema do conhecimento por duas perspectivas: a mítica e a filosófica. Depois passaremos para a arte da pintura renascentista que deixou o registro do conhecimento da origem do homem pela perspectiva religiosa.

Desenvolvimento

A explicação mítica

O mito, em sua condição de imutabilidade, é contado como tentativa de apreensão e incorporação do mundo em que se vive. Pertence à tradição cultural de um povo.

Esta explicação muito breve de mito tem apenas a intenção de dizer a você que, desde sempre, o homem expressa o conhecimento a respeito da natureza e dele próprio.

Queremos dizer o seguinte: “A primeira forma de expressão do conhecimento se deu através do mito entendido como narrativa”.

A explicação pela razão

Na Grécia antiga (século VI a. C), com o início da filosofia, a explicação mítica das origens enfraquece.

É então o pensamento racional que passa a explicar a natureza pelo que ela própria é, portanto, sem a recorrência ao sobrenatural.

Sócrates, por exemplo, entendia que o verdadeiro filósofo era aquele que deveria estar consciente de sua ignorância e deveria sempre utilizar a razão. Ele também acreditava que para entrar em contato com supostas verdades precisar “interrogar” os fatos, que é a arte da “maiêutica”. As falsas certezas, segundo ele podiam levar a ideias preconceituosas.

As representações do conhecimento pelo discurso religioso

As religiões orientais e ocidentais também utilizam mitos e alegorias para explicar a origem do bem e do mal, a união entre os opostos e o surgimento da humanidade. Uma explicação em que uma verdade não pode ser questionada costuma tornar-se um dogma, como sabemos.

Dogma: ponto fundamental e indiscutível de qualquer sistema ou doutrina.

A força de uma doutrina religiosa pode também constituir um conhecimento. Essa representação da origem do homem revela que é da índole humana dar visibilidade ao conhecimento que vai construindo a respeito de sua própria origem. E pode fazê-lo inspirado por uma doutrina religiosa.

Observe o quadro de Bosch: trata-se de uma pintura nada tradicional do Cristo coroado de espinhos. Os torturadores de Cristo, pintados como seres humanos, aí estão como representantes da humanidade, em oposição ao Filho de Deus. À direita, puxando o manto, um dos tentadores segura-o e parece dizer: “Mas eu sei, já o sei”.

Com a segunda ilustração temos o propósito de abordar também a questão das certezas como dado cultural que nos ajudam a nos sentirmos seguros. Certezas e convicções sem base científica podem ser facilmente recusadas, principalmente quando elas decorrem de uma observação equivocada.

Há um teste que prova a existência do ponto cego. Teste você mesmo.

  • Faça o seguinte: tampe o olho esquerdo e fixe sua visão na cruz, desenhada ao lado do ponto, na figura a seguir. Aos poucos o ponto à direita desaparecerá.
  • Agora faça isto com os dois polegares. O dedo direito aparecerá sem a sua última falange.
  • Por que isto acontece? Porque a imagem cai na área que não tem sensibilidade à luz. Esta área chama-se ponto cego. Porém não andamos ao longo de nossas vidas percebendo que não vemos, porque o cérebro corrige esta distorção.
No livro, cujo título é A árvore do conhecimento: “Não vemos o espaço do mundo, vivemos nosso campo visual; não vemos as cores do mundo, vivemos nosso espaço cromático”.
Ainda nesse passo os dois autores declaram que o “conhecimento é sempre transitório, as verdades e certezas também, em relação a um determinado fenômeno”.

E o fenômeno da deficiência, como é percebido e explicado pela humanidade?

No módulo relativo à História da Educação Especial, vocês observarão que a tentativa de explicar a diferença seguirá também os princípios da mitologia, da religião e do dualismo bem e mal, clássicos nas religiões ocidentais. E terão também a explicação científica.

A ciência originou-se, em grande parte, das tentativas do homem para explicar o inesperado. O lugar-comum, por outro lado, não cria problemas para o não iniciados: certa sutileza é necessária para ver problemas no óbvio.

A necessidade de reposta, o desejo pelo conhecimento iniciam modos e processos de busca de transformação da realidade.

A explicação mítica: a concepção demonológica

As explicações míticas da deficiência ainda perduraram, mesmo após surgirem explicações naturalísticas para este fenômeno.

A crença em espíritos malignos, como causa da mudança de comportamento, contribuiu para uma explicação demonológica da deficiência.

As primeiras experiências de intervenção na minimização dos sintomas comportamentais das deficiências foram às trepanações, perfurações realizadas no cérebro para que os espíritos malignos pudessem ser libertados.

Os incas imaginavam que a “doença” estava localizada no cérebro, por isso praticavam a trepanação. Em que consistia a trepanação?

O que podemos informar a você é o seguinte: a trepanação já era um procedimento cirúrgico naquela época.

Os incas praticavam a trepanação apenas com a finalidade de expulsar o demônio que, para eles, era a causa do distúrbio mental no paciente.

Atualmente, a neurociência busca o entendimento do desequilíbrio no funcionamento das áreas cerebrais e o surgimento das patologias cerebrais. O desequilíbrio pode ser causado por substâncias denominadas “neurotransmissores”. As tomografias computadorizadas, os mapeamentos cerebrais podem ser a geração mais jovem das práticas tradicionais da trepanação.

Uma rápida passagem pelos tratamentos da doença mental

O que nos permite deduzir, naturalmente com certa precaução, que o asilo para pacientes com enfermidade da mente, naquele século, era a solução para acabar com possíveis maltratos familiares.

Ignorância e temor eram as fontes dos homens que ainda consideravam esta doença como um “mal divino”. Os médicos, por vezes, se apoiavam no naturalismo, por não disporem de outras explicações para a doença mental.

Na Idade Média, o sobrenatural e a magia eram dogmas aceitos.

Passemos à história da educação dos surdos com a seguinte indagação? Que fato veio facilitar a educação dos surdos?

Os primórdios da educação de surdos

Pois bem, saiba que no século XVII começou a utilização da Língua de Sinais no ensino dos surdos, a partir do trabalho de Abade L’Epée, que arrebanhou surdos nos arredores de Paris, criando a primeira escola pública para surdos, a primeira a utilizar a Língua de Sinais.

Não se esqueça de que os avanços no campo do conhecimento sofrem influências sociais, culturais e hegemônicas. Uma invenção pode mudar o comportamento em sociedade ou o rumo do processo educacional.

A educação de surdos, que já tinha avançado com a aplicação da Língua de sinais, sofreu um retrocesso com a valorização da invenção do telefone para a comunicação à distância.

O direito ao bilinguismo significa que o processo educacional do surdo garante a assimilação das eficientes formas de comunicação. A história do ensino de surdos é um excelente exemplo de que cabe à ciência incorporar conhecimentos e não excluí-los em nome de concepções e doutrinas.

A história do ensino de surdos é um excelente exemplo de que cabe à ciência incorporar conhecimentos e não excluí-los em nome de concepções e doutrinas.

O que é deficiência intelectual

Atualmente, no mundo científico, o termo deficiência mental está sendo substituído por deficiência intelectual.

Pela concepção do suporte, a deficiência pode ser minimizada, mas para tal o contexto social tem de oferecer os suportes adequados.

As pessoas com deficiência intelectual eram avaliadas somente pelo quociente intelectual e, a partir daí, eram enquadradas pelos critérios de educável ou treinável.

As novas concepções propõem agregar à avaliação do quociente intelectual a avaliação das capacidades adaptativas, para definir os suportes necessários à funcionalidade da pessoa com deficiência intelectual.
O enfoque não é mais a pessoa com deficiência, mas o meio em que ela vive e como este meio poderá colaborar para o estímulo do potencial desta pessoa.

A cegueira

Mas um fato logo chama nossa atenção: a deficiência de visão associada ao sobrenatural, como sinal de inteligência. Veja como a associação da cegueira com o sobrenatural fez tradição e até hoje ganha visibilidade.

Para refletir:
1. Você percebe que ainda vivenciamos paradoxos em relação aos alunos com deficiência e necessidades especiais? 
Sim. Ainda existe por parte de muitos educadores e pessoas da sociedade uma grande dificuldade em tratar o deficiente como uma pessoa “normal”, respeitando seus limites e necessidades especiais de aprendizagem e convívio social.
2. Procure entrevistas e depoimentos de famílias de pessoas com deficiências e de profissionais, propagandas com fotos e imagens. Observe se encontra termos na atualidade que se refiram a estas concepções demonológicas ou divinas da deficiência: Ex: Ele(a) é meu anjo; parece encapetado; parece que uma coisa se apodera dele; etc.
3. Como as concepções demonológicas podem dificultar a implementação de práticas pedagógicas para alunos com deficiência e necessidades especiais? 
Podem dificultar a implementação de práticas pedagógicas caso a visão dos educadores estejam presas a definição de que existe uma parte do cérebro onde a doença está localizada, ou demônios. Atualmente a neurociência busca o entendimento do desequilíbrio no funcionamento das áreas cerebrais e o surgimento das patologias cerebrais.

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