segunda-feira, 7 de novembro de 2011

RESUMO TEXTO 1 - GESTÃO 2


Texto 1 - PARO, Victor Henrique A utopia da gestão escolar democrática, 1987, Comunicação apresentada no Painel: “a Gestão Democrática da Educação: reflexões com vistas à constituinte” realizado em João Pessoa, PB, no XIII Simpósio Brasileiro de Administração da Educação, ANPAE, 1986.

RESUMO:

Toda vez que se propõe uma gestão democrática da escola pública de 1º e 2º graus que tenha efetiva participação de pais, educadores, alunos e funcionários da escola, isso acaba sendo considerado como coisa utópica.

Da classe dominante não se pode esperar nenhuma iniciativa de transformação em favor das camadas dominadas (e, no caso, no que se refere à escola), sem pressão por parte dos interessados. Além dessa premissa, coloco como horizonte a transformação do esquema de autoridade no interior da escola. À medida que o horizonte se articula com os interesses dominados, o processo de transformação da autoridade deve constituir-se no próprio processo de conquista da escola pela classe trabalhadora. Esta constatação deriva de uma visão não muito otimista a respeito da função desempenhada pela escola na sociedade hoje.

Infelizmente a escola que está aí, esta é sim reprodutora de uma certa ideologia dominante, negadora dos valores dominados e mera chanceladora da injustiça social, na medida em que se recoloca as pessoas nos lugares reservados pelas relações que se dão no nível da estrutura econômica.

O que temos hoje é um sistema hierárquico que pretensamente coloca todo o poder nas mãos do diretor. Não é possível falar das estratégias de se transformar o sistema de autoridade no interior  da escola, em direção a uma efetiva participação de seus diversos setores, sem levar em conta a dupla contradição que vive o diretor  da escola hoje. Esse diretor, por um lado, é considerado a autoridade máxima no interior da escola: e isso, pretensamente, lhe daria um grande poder e autonomia, mas por outro lado, ele acaba se constituindo, de fato, em virtude de sua condição de responsável último pelo cumprimento da Lei e da Ordem da escola, em mero preposto do Estado. A segunda advém do fato de que, por um lado, ele deve deter uma competência técnica e um conhecimento dos princípios e métodos necessários a uma moderna e adequada administração dos recursos da escola, mas, por outro sua falta de autonomia em relação aos escalões superiores e a precariedade das condições concretas em que se desenvolvem as atividades no interior da escola tornam uma quimera a utilização dos belos métodos e técnicas adquiridos (pelo menos supostamente) em sua formação de administrador escolar, já que o problema da escola pública no país não é, na verdade, o da administração de recursos, mas o da falta de recursos.

Na medida em que se conseguir a participação de todos os setores da escola – educadores, alunos, funcionários e pais – nas decisões a respeito de seus objetivos e de seu funcionamento, ter-se-á melhores condições para pressionar os escalões superiores no sentido de dotar a escola  de autonomia e recursos.

Uma medida constitucional de caráter geral poderia concorrer para que a escola, enquanto instituição articulada com os interesses dominados, tivesse facilitada sua atividade de pressão junto ao Estado, na medida em que, por meio de uma associação de pais ou entidade semelhante, pudesse defender mais efetivamente seus direitos com relação ao ensino. Não basta permitir formalmente que os pais de alunos participem da administração da escola; é preciso que haja condições materiais propiciadoras dessa participação.

A utopia de uma escola participativa, aceita a necessidade, ou a imprescindibilidade, da participação efetiva da classe trabalhadora nas decisões que dizem respeito a educação de seus filhos, se procura identificar as condições de possibilidade dessa participação e se buscam mecanismos necessários a distribuição da autoridade no interior da escola, de modo adequá-la ao mister, de ao mesmo tempo em que se procura formas democráticas de alcance dos objetivos educacionais a ela inerente, se constitua em mecanismos de pressão junto ao Estado e a classe detentora de poder, no sentido de serem propiciadas as condições que possibilitem o seu funcionamento e autonomia.

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