Questão 1 (2 pontos)
Leia
o trecho abaixo retirado de seu material didático e responda às perguntas de
maneira clara, citando passagens do material para construir a sua resposta e
buscando exemplificações.
[...] na vivência, há mera reação aos choques da vida
cotidiana, a ação se esgota no momento de sua realização (por isso é finita);
na experiência, o que é vivido é pensado, narrado, a ação é contada a um outro,
compartilhada, se tornando infinita. Esse caráter histórico, de ir além do
tempo vivido e de ser coletivo, constitui a experiência. Mas o que significa
entender a leitura e a escrita como experiência? [...] Quando penso na leitura
como experiência [...] refiro-me a momentos em que fazemos comentários sobre
livros ou revistas que lemos, trocando, negando, elogiando ou criticando,
contando mesmo. [...] O que faz da leitura uma experiência é entrar nessa
corrente onde a leitura é partilhada. [...] Defendo a leitura da literatura e
de textos que têm dimensão artística, não por erudição, mas porque são textos
capazes de inquietar [...]. (de KRAMER, 2000, pp. 28-29).
1.1.
Comente a opinião
transmitida no trecho acima. Em que acredita o autor a respeito da leitura
literária?
Para a
autora a leitura literária deve ser incentivada porque ela oferece um texto que
“inquieta’, isso é, um texto que não informa (apenas), não oferece somente uma
historia ou um caso novo, mas que tem (em geral, dependendo de sua qualidade)
uma condição de mudar a percepção do leitor, de algum modo: ou sobre a
linguagem, ou sobre as ideias que promove, ou sobre uma visão mais poética do
mundo, ou sobre algum detalhe da vida para o qual há pouca atenção. A
literatura move a inteligência e a sensibilidade do leitor.
1.2.
Estabeleça uma
relação entre esse comentário e os conceitos de leitura reduzida e de leitura
ampliada.
A leitura
literária será sempre leitura ampliada, a leitura resuzida de um texto
literário será aquela por meio da qual o leitor apenas buscará na literatura
algum “exemplo” de uso de gramática, ou de alguma informação específica. Para
ser sensível a todas as possibilidades da leitura de um texto literário, essa
leitura deev ser ampla, voltar-se para os múltiplos aspectos do textos.
Questão 2 ( 2 pontos)
Na
crônica “Eco devorando seu filho”, de José Castello (anexa), encontramos o
seguinte questionamento: Terá a
literatura algo a ver com o ensino? Use a argumentação do crítico no texto
e comente o que ele diz, tomando com base
as aulas 1, 2 e 3.
José Castello chama atenção para a abertura que o texto traz para
questões da vida, morais, religiosas, éticas, políticas, sociais, que são
apresentadas de diferentes maneiras, de modo a mexer com a sensibilidade e a
inteligência do leitor. Nunca visando meramente ensinar. A literatura não se
preocupa com o didatismo, ainda que transmita conhecimentos e permita
reflexões. A literatura convida a imaginar, a libertar a linguagem. Mas com
certeza só se pode apreciar essas ofertas que faz a obra literária se se tiver
conhecimento básico do uso tradicional das palavras, no vocabilário corrente,
ou dos usos da língua, conforme as normas gramaticais. Quem tem esse
conhecimento pode apreciar melhor uma obra literária, com certeza.
Questão 3 ( 3 pontos)
O texto lido, “Eco Devorando seu filho”,
também faz alusão ao quadro de Goya,
onde o pintor espanhol imagina a aterradora cena em que Saturno devora a
cabeça de seus filhos, como ilustra a imagem abaixo. José Castello teve várias
inspirações para escrever essa coluna sobre a literatura que se escreve para
crianças. Como você vê essa relação que ele sugere, a partir dos argumentos que
usa no texto. Cite passagens como exemplos do texto de Castello, para sustentar
sua resposta.
A capacidade que tem a literatura de provocar o leitor, afetar seus
sentimentos, sua imaginação é exacerbada nesse quadro. O autor, nesse caso,
seria aquele que devora a cabeça do leitor! Claro que isso é uma figura. Mas se
limitamos a leitura que deverá realizar nossos alunos sobre um texto literário,
quem sabe são os professores os “Ecos que devoram seus filhos”...
Questão 4 (3 pontos)
A
partir da leitura do material didático percebemos crítica, questionamento e
posicionamentos acerca da leitura e da formação de leitores. No entanto, é
necessário que, como professores, conheçamos o leitor real, ou seja, aquele
leitor da nossa realidade e não aquele que supomos existir. Sendo assim,
propomos uma pequena pesquisa:
1.
Entreviste
de 10 a 15 pessoas a fim de verificar como e onde descobriram (ou não
descobriram) o prazer da leitura;
Aluno deve
realizar entrevista e anotar
2.
Procure,
na entrevista, conhecer a história de formação dessa pessoa como leitora;
Essa
resposta tem a ver com as perguntas feitas
3.
Sugerimos
que as pessoas sejam de contextos sociais diversos (Por exemplo professoras,
pessoas com curso superior completo, pessoas com o Ensino Fundamental etc.)
Isso se
pode verificar pela relação estabelecida no mapa final
4. Após a entrevista,
escreva um texto de 20 linhas em que analise os dados coletados a partir das
entrevistas, fazendo um balanço geral do trabalho e buscando uma conclusão, que
pode ser relacionada ao que leu no material didático.
ANEXO 1
COLUNA escrita pelo crítico José Castello e
publicada no caderno Prosa e Verso, de O Globo, em 28.07.2007,
p.4.
Eco devorando seu
filho
É possível escrever
para crianças? A pergunta me vem enquanto eu leio os Três contos que Umberto Eco a elas dedica e que, ilustrado por
Eugenio Carmi, ganham uma bela edição brasileira (Berlendis & Vertecchia
Editores). Eco faz aquilo que qualquer um de nós, com bom senso e equilíbrio,
julgaria correto. O primeiro conto, “A bomba e o general”, denuncia a
bestialidade das guerras. O segundo, “Os três cosmonautas”, faz a defesa do
respeito às diferenças. O último, “Os gnomos de Gnu”, é uma reflexão sobre o
modo estúpido como destruímos nosso planeta.
Compartilho
firmemente, é claro, das teses de Eco. Pergunto-me, no
entanto, se transmitir sábias lições é fazer literatura. Fazer literatura é
ensinar, ou desestabilizar? Outra dúvida me atordoa: será que essas
imagens edificantes seduzem as crianças ou, ao contrário, as mascaram? Será que
ajudam a formá-las ou, em vez disso, a sufocá-las?
Lembro-me de uma
confissão que ouvi de Bernardo Carvalho. Durante muito tempo, ele disse, lutou
contra seus erros, empenhando-se para acertar e para “escrever bem”. Mas só
encontrou seu caminho quando desistiu de acertar e se aferrou aos próprios
erros – quando fez dos erros a sua voz. Os fortes romances de Carvalho confirmam
que ele tomou a decisão certa. Certa, ou errada? Na
literatura, as palavras confundem; elas carregam sentidos inesperados e nem
sempre dizem o que os escritores desejam dizer.
Os próprios
escritores, em conseqüência, nunca podem decidir muito bem onde estão – se no
caminho certo ou no errado. Há poucos dias reli as cartas do russo Anton
Tchekov a seu diretor Alekséi Suvórin. Em uma delas, Tchekov pergunta ao
editor: “Estou me dedicando a um trabalho ou a bobagens?” Muitas vezes, é no
erro, é na falha – é nas “bobagens” – que um escritor se forma.
As cartas de Tchekov
me fazem buscar o “Dossier Paul Auster”, longa entrevista do escritor
norte-americano a Gerard de Cortanze. Em meio a recordações dos tempos de
escola, encontro essa anotação de Auster: “Toda essa época foi muito difícil
pra mim. Sempre me senti excluído. E não era que os outros me marginalizassem,
era minha própria inaptidão que me excluía”. No entanto, foi ao apostar em suas
inabilidades que Auster escreveu grandes romances, como “Leviatã”. Tivesse
seguido o bom caminho e talvez fracassasse.
Em “Leviatã”, dois
escritores, Peter Aaron e Benjamin Sachs, assumem posturas divergentes a
respeito da literatura. Aaron crê na literatura e crê
que ela é mais importante que a vida. Sachs, ao
contrário, decide que escrever é uma impostura e resolve renunciar à ficção.
Quem está certo? Os dois estão certos – e aqui começam os problemas, mas
começa também a riqueza da literatura. Contudo, como ensinar uma coisa dessas
às crianças? E será mesmo o caso de ensinar?
Terá a
literatura algo a ver com o ensino? Volto às cartas de Tchekov e chego à de
número 33. Ele diz a seu editor: “Você vai começar a discutir comigo e dizer a
mesma frase: o teatro é uma escola, educa etc”. As peças de Tchekov provocavam
grande aflição em Suvórin. Apesar de se definir como realista, ele sabia que o
caminho para o real não era reto, mas irregular. Responde a Suvórin: “E eu lhe
direi o que vejo: o teatro não está acima da multidão, ao contrário, a vida da
multidão é superior e mais inteligente do que a do teatro”. E conclui: “O
teatro não é uma escola e sim alguma outra coisa qualquer”.
Sigo a pista deixada
por Tchekov em 1888 e troco “multidão” por “crianças”. Troco “teatro” por algo
mais amplo, “literatura”. E é comigo, leitor dos contos infantis de Umberto
Eco, que Anton Tchekov fala. A literatura não é uma
escola, repiso suas palavras. Ela é “alguma outra coisa qualquer” – que não se
pode nomear. Não é algo fixo, não corresponde a bons princípios, ou a uma
lição. Ela é a possibilidade de susto e de desvio – e isso não se ensina às
crianças. Só uma literatura sem qualquer ilusão didática as leva a descobrir.
Também as crianças,
se não as fantasiamos, se não as tratamos como anjos que não são, muitas vezes
nos assustam. O que fazer com elas? Será que bastam os bons conselhos e as boas
intenções? Avanço em minha biblioteca e chego à estante em que estão os livros
do austríaco Thomas Bernhard. Vou em busca de Um menino, quinto livro da pentalogia biográfica do escritor, em
que ele fala de sua mãe. “Seu filho era um monstro a quem não suportava, um
filho da maquinação, um filho do diabo”, rememora. E depois: “Sabia que tinha
dado à luz a um filho extraordinário, mas um filho com terríveis conseqüências.
Aquelas conseqüências só podiam ser um crime”.
Não penso, é claro,
em um crime de morte, mas em um crime mais sutil: o de contrariar o sonho dos
pais. Mais difícil que transmitir bons princípios é enfrentar o desejo dos
filhos. Será que basta disciplinar? Mesmo a escola, ela consegue isso? Bernhard
reconstituiu uma reflexão perturbadora da mãe a esse respeito: “Enviamos nossos
filhos à escola para que voltem tão repulsivos quanto os adultos que
encontramos diariamente na rua. A escória”.
Vem-me à mente,
então, uma tela atordoante, Saturno
devorando seu filho, de Francisco de Goya. Nela, um gigantesco Saturno, o
deus romano, devora a cabeça de um de seus filhos. Não consigo reprimir uma
visão incômoda: Eco, no lugar de Saturno, com a boca aberta – de uma literatura
afiada e cheia de dentes – a devorar a cabeça de uma criança.
A comparação, eu sei,
é repulsiva. É duro admitir que, mesmo quando somos corretos e bem
intencionados, podemos fracassar. Não nego a
importância de transmitir às crianças princípios morais e idéias justas. Mas na
literatura estão em jogo outras coisas, bem mais perigosas: a fantasia, o
impulso à invenção, a força do desvio e da desordem. Coisas que escola alguma
pode transmitir e que, no entanto, se guardam nas páginas dos grandes livros. Os
Três Contos de Umberto Eco me levam a
pensar, enfim, no abismo que separa a literatura da moral. E a lembrar de Infância, o livro encantador de
Graciliano Ramos. Foi de uma família agreste e de pais insensíveis, foi do que
há de pior e não do melhor, que Graciliano se fez um grande escritor.
ANEXO 2 TABELA
PARA INSERÇÃO DE DADOS COLETADOS NA PESQUISA
Nome do
entrevistado
|
Escolaridade
|
Profissão
|
Idade
|
Circunstância
dos primeiros contatos com a leitura literária
|
Como
descobriu o prazer pela leitura
(OU NÃO)
|
POR
QUE?
|
1.
|
||||||
2.
|
||||||
3.
|
||||||
4.
|
||||||
5.
|
||||||
6.
|
||||||
7.
|
||||||
8.
|
||||||
9.
|
||||||
10.
|
||||||
11.
|
||||||
12.
|
||||||
13
|
||||||
14.
|
||||||
15
|
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16.
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||||||
17.
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||||||
18.
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||||||
19
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||||||
20.
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