MÓDULO 3: PROSA NARRATIVA
AULAS: 13, 14
AULA
13: ELEMENTOS DA NARRATIVA – PARTE 1
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Poesia narrativa: epopeias que exaltavam feitos de heróis que representavam
seus povos, sua cultura, sua história, como grandes autores como Homero e
Camões. Esses textos – epopeias – eram narrados em verso. Como contar esses
feitos numa época em que a leitura e escrita eram privilégio de poucos? Por
meio de versos decassílabos, rimados, que podiam ser repetidos e decorados, de
pessoa a pessoa, de grupo em grupo, de povo em povo.
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Com o tempo, esses poemas narrativos originaram a narrativa, um dos gêneros
literários, ao lado da lírica e do drama.
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É a 'ficcionalização' da realidade, alicerçada nas ações humanas, que confere à
narrativa um estatuto diversos da lírica. Na narrativa, há um deslocamento do
romancista do mundo objetivado que cria, ai contrário da lírica, em que o
envolvimento do poeta com esse mundo criado é muito forte.
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Se a narrativa institui uma alteridade básica existente entre o autor e o mundo
objetivado no seu romance, é natural que se estabeleça a 'verossimilhança'
nesse texto literário.
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No texto 1 (p.86), que contém um trecho de um romance de Saramago, ocorre uma
eleição em uma cidade em que os votos brancos são significativamente maior do
que os votos válidos. Podemos argumentar que a situação é 'irreal' se
compararmos à realidade. Mas desde quando o texto literário tem compromisso com
a realidade? Seu compromisso é com a verossimilhança, e essa está garantida
pelo autor, que objetiva o mundo, representando-o aos nossos olhos como um
mundo cuja existência independe de nós.
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Há elementos que precisam estar presentes para que esse mundo encontre essa
objetivação: os personagens, a ação, o tempo e o espaço, que criarão um
ambiente para a verossimilhança.
Estrutura
da narrativa: situação em equilíbrio (início da história), desequilíbrio
(momento de tensão, que pode aumentar a sua intensidade e criar o conflito),
clímax ( situação geradora do desequilíbrio alcança o auge, é o momento de
maior tensão) e desfecho (final da história, seja qual for a solução encontrada
para resolver o problema).
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Tempo: cronológico (começo, meio e fim; é a sucessão de acontecimentos na
narrativa; corresponde ao tempo material, concreto, que de alguma forma é
citado pelo autor); psicológico (é o tempo que se passa na cabeça do autor;
compreende o que não é mensurável, como por exemplo, as lembranças de infância
de um personagem ou reflexões que ele faz sobre situações que enfrenta). No
tempo da narrativas, encontramos também o flashback, recurso que o autor
utiliza quando quer recuar no tempo, trazendo o passado para o momento
presente.
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Espaço: é o cenário em que se passam as situações narradas. Por vezes, o espaço
assume importância capital no enredo, outras vezes é apenas pano de fundo para
a construção do enredo.
AULA
14: ELEMENTOS DA NARRATIVA – PARTE 2
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Monteiro Lobato, Ruth Rocha e Ana Maria Machado representam 'marcos' do gênero
narrativo infanto-juvenil, pelo pioneirismo de suas obras.
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a contemporaneidade da literatura infanto-juvenil , por sua vez, do gênero
narrativo tende a ser verificada a partir da identificação de algumas
características, tais como: a narrativa, quase sempre, se inicia mostrando o motivo ou as
circunstâncias que levaram à situação em torno da qual girará a história. Há
uma preocupação com a forma como a história será contada ao leitor; a narrativa
sem sempre é linear (começo, meio e fim): ela pode entremear experiências do
passado com as do presente. A conclusão da história tende mais a problematizar
de que a oferecer soluções e desfechos fechados para as situações apresentadas;
os personagens podem ser representados de maneira satírica, questionadora e
crítica (reis, rainhas, fadas, crianças etc.) ou tendem a ser membros de
grupos, valorizando a turma, a patota; o conto prevalece entre as narrativas
para a faixa infanto-juvenil, já o romance e a novela multiplicam-se para o
público juvenil; o narrador se revela cada vez mais atento em relação à
presença do leitor, demonstrando preocupação com a comunicação e com o alcance
da história; o ato de narrar é cada vez
mais valorizado; o tempo é variável: tanto pode ser histórico como
indeterminado; o espaço é variável: pode tanto representar um cenário simples
como o dinamismo da ação; mais que oferecer exemplos ou conselhos, as
narrativas contemporâneas se propõem a problematizar as situações da vida
cotidiana, desenvolvendo no leitor um olhar crítico e criativo; o humor é
valorizado nas obras do gênero narrativo;
há uma alternância entre a fantasia e a realidade nas narrativas; a
linguagem visual (ilustrações, diagramação, cores etc.) é muito utilizada como
recurso na confecção das narrativas literárias. Essas características revelam a
busca do gênero narrativo pela renovação dos modos de escrever, produzir e
confeccionar livros infanto-juvenis. Contribui com o “projeto lobatiano” de
iniciar o público infantil no mundo da literatura de modo mais prazeroso,
crítico e criativo.
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O movimento pós-lobatiano vem ganhando força desde 1970, e, de lá para cá, as
abordagens do gênero narrativo têm buscado caminhos alternativos muito
interessantes, buscando ir além de um estudo do gênero narrativo a partir do
ensino da sintaxe ou de elementos presentes nas obras (personagens, tempo,
espaço etc) e buscando caminhos mais interessantes para uma iniciação literária
mais viva, crítica e criativa.
Por Paulo
Ávila – Tutor Presencial do CEDERJ (Polo Barra do Piraí)
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