segunda-feira, 27 de setembro de 2010

GABARITO AP1 EDUCAÇÃO INFANTIL 1 2009.2

QUESTÕES


Questão 1: (2,5 pontos)

No texto “Avaliação de programas indicadores e projetos em educação infantil”, Fúlvia Rosemberg destaca que “na educação infantil um novo campo de prática social que consiste em educar e cuidar de crianças de até 6 anos em instituições coletivas – apóia-se em três tipos de fundamentos: na intuição, em valores e no conhecimento científico”. (Spodek, 1982).
Faça um comentário sobre a idéia da autora acerca do plano da intuição na ação docente.

Resposta comentada:
Esta questão teve por objetivo provocar no estudante uma reflexão acerca do senso comum dos professores sobre a supremacia da intuição. Como cita Rosemberg, embora este fundamento se constitua em uma das principais bases para a ação em educação infantil brasileira, considerando o número de pessoas que atuam no campo e que não desfrutaram de uma formação profissional, ela é insuficiente na prática pedagógica, porque não é generalizável e possível de análise crítica. Desta maneira, a percepção do professor sobre as crianças, tanto nas questões cognitivas, emocionais, culturais e sociais, é um dado importante, mas insuficiente na formação de um profissional autônomo e reflexivo que busca teorizar suas idéias e reformular o seu fazer pedagógico.


Questão 2: (2,5 pontos)

O jogo, tão antigo quanto o próprio homem, segundo o texto O jogo como prática pedagógica para professores em formação de Nhary (2007), sofreu as conseqüências do paradigma da modernidade que, no contexto escolar, passou a ser compreendido por seu duplo signo: fútil e banal; tarefa compensadora das demais atividades escolares. Essa duplicidade de sentidos, como um fim ou como um meio no processo educacional, conduziu os docentes, em sua grande maioria, a utilizá-lo em práticas pedagógicas. Justifique como, segundo a autora, devemos conceber o jogo em novas bases paradigmáticas?

Resposta comentada:
Esta questão teve por objetivo apontar para o aluno que o jogo na escola deve ser compreendido como ludicidade, logo ao se instrumentalizar o jogo, ou seja, colocá-lo a serviço do ensinamento de algum conteúdo do programa, deve-se perceber se a atividade está sendo agradável ou imposta. Jogo imposto não é jogo, é tarefa. O valor do jogo está nas diferentes fruições que ela gera (prazer, solidariedade, auto-estima, criatividade, simulacros etc.) e em sua contribuição nos aspectos bio-psico-sócio-cultural.
Conceber o jogo em novas bases paradigmáticas é compreendê-lo como atividade prazerosa e também educativa. Não podemos considerá-lo fútil, sem sentido e só recreativo e, nem tampouco, mera ferramenta de ensino. O jogo e a brincadeira são fenômenos naturais e espontâneos na infância, cabe ao educador potencializar estas atividades assumindo a postura de mediador fazendo destes um momento educativo.
Compreendendo esta atividade como natural e espontânea na infância e reconhecendo que, por meio delas, o sujeito expressa valores, atitudes e sentimentos importantes e que devem ser valorizados no processo educativo. Uma educação voltada para as questões sociais e da cultura, e que não se limitem aos conteúdos do programa escolar, poderá potencializar práticas lúdicas tendo na figura do professor um mediador e estimulador de atividades de jogos e brincadeiras. O professor deve se apropriar dessas atividades como práticas pedagógicas com o objetivo de formação cultural, social, afetiva, cognitiva e psicomotora, fundamentais no processo ensino-aprendizagem.


Questão 3: (2,5 pontos)

As propostas legais dos últimos anos para a área de educação infantil têm se desdobrado em uma multiplicidade de documentos que dão subsídios de como devemos pensar e agir para uma educação de qualidade voltada para crianças de 0 à seis anos de idade sem nos limitarmos, no entanto, à compreensão destes documentos como ‘guia único e pronto’ para as ações docentes. Há uma distinção, por exemplo, sobre documentos que são considerados indícios e outros que são parâmetros para o trabalho em educação infantil. Ambos objetivam contribuir para tal qualidade. Explique a distinção entre tais concepções apontando a concepção e a finalidade de cada uma, individualmente.

Resposta comentada:
Nesta questão, o estudante tinha por objetivo, explicar a distinção entre indícios e parâmetros, bem como a finalidade de cada uma.
Podemos entender os indícios como documentos mais específicos e precisos que promovem uma quantificação, servindo de instrumento para aferir o nível de aplicabilidade dos parâmetros. Os parâmetros podem ser explicados, por sua vez, como referentes a um ponto de partida, chegada ou linha de fronteira de propostas pedagógicas, logo, são mais amplos e genéricos.
Quanto à finalidade, os parâmetros podem regular, modificar ou ajustar um conjunto de propostas, não são normas, regras ou leis, como alguns entenderam, mas referências norteadoras, enquanto os indícios servem como instrumentos diagnósticos, como meio de aferir e entender a realidade que se pretende investigar.  







Questão 4: (2,5 pontos)

Novas bases paradigmáticas sobre infância fazem emergir uma nova concepção de educação infantil que deve ser incorporada em projetos e propostas educacionais e também legitimada por meio de práticas pedagógicas. Explique essa concepção do conceito de infância no paradigma clássico, ou seja, no paradigma que desde a Modernidade vem influenciando o conceito de educação para infância no cenário brasileiro e que a formação de professores da atualidade vem tentando romper.

Resposta comentada:
Nesta questão, o estudante deveria traçar um panorama sobre a concepção de infância.
Na Modernidade, a criança deixou de ser considerada como um adulto em miniatura, como ocorria no paradigma clássico, para ser observada em suas especificidades enquanto categoria, como um ser que ainda seria uma pessoa no futuro, mas que deveria ser cuidada. Poderia, ainda, ser considerada como um ser vazio e carente, ou em contrapartida, um ser que nasce pronto e acabado cujo desenvolvimento se dá por sua por sua própria iniciativa e capacidade de ação, não necessitando de uma educação específica.
Hoje, no entanto, se entende que a criança é um ser produtor de cultura e que interage com o meio em que está inserida. O que a formação do professor na atualidade está tentando vencer é a idéia da criança como alguém que virá a ser, valorizando-a como alguém que é, conforme suas especificidades sociais. A criança é num ser social e histórico, capaz de interagir num meio natural, social e cultural desde bebê. É preciso entender que todas as crianças têm infância, porém cada uma vive a sua, conforme o contexto histórico e social em que está inserida. É isto que as diferem umas das outras.
Este conceito é fundamental para orientar as práticas pedagógicas que tem como foco a criança em suas necessidades de cuidado e educação.




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